Começo este
aquário com uma crônica especial que fiz sobre aquele astronauta brasileiro que
foi até o espaço em 2006, o Marcos Pontes. Esta é uma crônica “espacialmente” feita pra você, ufanista
e “ufonista”!
“A Tragédia do homem de dez
milhões de dólares”
- Ah, não. Piada
de novo não tio!
- Mas quem tá
contando piada? É sério!
- Que sério o
quê? Pô tio, você só trocou a nave pela ilha deserta. Um americano, um russo e
um brasileiro estavam numa ilha deserta...
- Vocês não
acreditam em mim?
- Conta outra.
Essa é velha, tio.
- O astronauta
brasileiro vai passar bem aqui ó. Num carro aberto. Aí eu quero ver vocês
duvidarem de mim? O Brasil chegou ao espaço.
- Iiii... o tio
ta viajando na maionese...parece que tá no mundo da lua?
As crianças no
meio da multidão duvidaram do que eu estava dizendo: um astronauta brasileiro
foi ao espaço. Mas a multidão ao redor da Avenida 23 de maio acreditava e,
assim como eu, esperava o astronauta brasileiro desfilar em carro aberto pelas
ruas de São Paulo.
Ambulantes já
faziam seus negócios, aproveitando o momento:
- Cerveja é dois
e cinqüenta!
- Olha água! Olha água! Essa veio diretamente de Marte!
- Olha a
caipirinha do astronauta! Você bebe e sai de órbita.
Outros se
aproximavam do real:
- Olha a réplica
de Saturno. Leve grátis uma camisa de Vênus.
Para mim, era
motivo de orgulho. Eu me sentia na obrigação de saudar o brasileiro que tanto
nos saudou lá de cima, com a bandeira do Brasil e outra do Noroeste de Bauru que
só eu notei. Nesse caso é mais orgulho ainda, o Noroeste ficou em 3º lugar no
Campeonato Paulista, a frente de Corinthians e Palmeiras. Duvido que o Tenente
não tenha levado uma bandeira ou camisa do clube de Bauru. E por falar em
Bauru:
- Olha o Bauru do
astronauta de Bauru! Um e cinqüenta!
- Espere aí. Um e
cinqüenta? Um Bauru leva queijo, presunto e tomate? Só um e cinqüenta? Na
barraca do china o pastel de queijo tá um e cinqüenta? Só queijo e vento?
- O meu é um e cinqüenta. Vai aí, doutor?
Nem morto. Quero
ficar a mil anos luz desse sanduíche. Esse é daqueles que não respeitam a lei
da gravidade e não descem, ficam só flutuando na atmosfera do estomago.
Estava previsto
que o astronauta, coronel, tenente, capitão e agora garoto propaganda da
Embratur desembarcasse ás treze e trinta, mas eram quinze horas e nada. O povo
ali, fiel, esperava o desfile em carro aberto do homem do espaço. E espaço era
difícil naquela multidão. Empurra-Empurra, confusão, mas eu continuava firme
ali com meus princípios: o cara foi até o espaço, pra que eu vou subir a serra?
Mas aqueles milímetros de distância de uma pessoa a outra era coisa de estrela.
Sim, esse astronauta tá pensando o quê? Que é estrela? Aparece todo o dia no noticiário, na capa dos
principais jornais do mundo? Tudo bem que ele lutou por um lugar ao sol, mas
custou dez milhões de dólares? Isso me lembra o seriado do Cyborg, só que
aquele era o homem de seis milhões de dólares. O nosso é mais caro e com esse
negócio de viagem ao espaço numa espaçonave, o dólar opera no flutuante.
E o povo ali,
debaixo daquela Lua, um sol quente e ardente. Mais uma hora se passou e começaram
algumas reclamações. O coro era geral. Se ele ainda estivesse lá em Marte, dava
pra escutar os elogios á sua mãe.
Alguns já
criticavam a política do Presidente Lula:
- Ora, um presidente com o nome de Lula, os
investimentos deveriam ser voltados às pesquisas marítimas, na profundeza dos
oceanos, não lá no espaço!
- O Lula adora esse negócio de estrela. Lembra
o PT. Um dia ele vai lá em cima, é só ver pelo refrão da última campanha “Lula
lá, brilha uma estrela...”
As rádios
anunciaram que devido ao grande congestionamento na Avenida 23 de Maio, o
comandante,tenente,coronel e futuro Ministro das Relações Exteriores Marcos Pontes seguiu direto para sua
cidade natal, Bauru. Era de se esperar,
o trânsito em são Paulo era tanto que ele poderia voltar até a lua que chegaria
mais rápido.
Economicamente,
isso queria dizer que São Paulo, a locomotiva do Brasil, parou metade do dia
para ver o astronauta, que já na descida para o planeta terra fazia a inflação
subir nas alturas: vai que a nave se espatifasse no chão, seriam dez milhões de
dólares enterrados na areia do Cazaquistão. E nesse caso de enterrar dinheiro,
eu sou mais a Paulipetro. Daí uma crise econômica se desencadeava, seguida de
desemprego em massa e o custo de vida entrando em órbita.
E mesmo assim, o
presidente Lula continuaria com os investimentos em pesquisas espaciais, desta
vez com o astronauta carregando uma placa a ser colocada no novo planeta
descoberto por um brasileiro, o planeta Marta, por enquanto, o único território
do Brasil sem corrupção, problemas de educação e saúde. Mas por precaução, ao
descer, o astronauta colocaria uma trava no volante da aeronave e uma folha do
talão de Zona Azul em cima do painel, obviamente, daqueles que valem por duas
horas e marcaria os dados com uma caneta daquelas que você pode apagar depois
que escreveu.
Mauzinho 2006
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