terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Poema de Natal

"Natal"





Natal

O tal

Éu, éu, éu

É Papai Noel

Subiu na chaminé

Da Casa do Chapéu

Caiu de ré

Na cama do Bordel

Da Tia Dedé!



Mauzinho 2012  (Boas Festas e neste Natal cuidado com certas chaminés...)



 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

“21 de Dezembro de 2012: Fechado para Balanço”

Dezembro... Correria. Fim de ano é como o fim do dia. Sem energia. Mas os compromissos, festas e reuniões não param de aparecer. Visita a orfanato, sindicato, pensionato, final do campeonato, peça de teatro em cinco atos, preparar um jantar a jato, fazer o número um e dois no mato, pagar o pato, dar o pulo do gato e manter meu vício de literato: escrever. Sou escravo do escrever.

Toda essa falta de tempo é o fim do mundo! A Terra está girando cada vez mais veloz! Só nos primeiros dias deste mês já tive de faltar em vários compromissos e festas. Não dá tempo. Pô! Dá um tempo Universo! Desse jeito vou ter que acreditar nesta história do Calendário Maia, no vinte e um de Dezembro de dois mil e uma dúzia, onde eu não diria que seja o “fim do mundo”, mas sim, “um fechamento para balanço”. Deus vai fechar o mundo para balanço: alguns terremotos, tsunamis, ciclones, de vez em quando umas balançadinhas a mais no embalo da balada, da festa rave com raiva dos estragos que o homem fez na Terra. No dia seguinte será a reconstrução. A começar pelos estádios e outras obras que estamos fazendo para a Copa do Mundo de dois mil e quatorze. Sim, a reconstrução da construção a todo vapor do Itaquerão, Arena Palestra, Maracanã e outros monumentos, coisas de outro mundo por todo o Brasil, que após a Copa ficarão abandonados, como se o mundo tivesse terminado, como realmente o planeta terminou parcialmente em algumas praças esportivas da África do Sul, da China e atualmente em Londres.

Praticamente um ano depois desta chacoalhada que está para acontecer no dia vinte e um, mais outra em Junho de dois mil e quatorze e uma terceira em dois mil e dezesseis, somente no Rio de Janeiro, mas que pode afetar o Brasil inteiro. Será que depois destes fenômenos naturais e sobrenaturais sobrará orçamento? Empregos? Certamente, vai sobrar muito lugar na arquibancada, na geral e numerada. O próprio estádio vai abundar. Haja cantores e grupos de rock para fazer show nestes campos esportivos! É a “Lei de Gága”: Os astros da música pop vão se apresentar aqui no Brasil até ficarem gagás... E os cultos religiosos então? Vai ser um tal de quebrar óculos e mais óculos, várias armações em vários estádios. Hoje mesmo vou buscar informações no SEBRAE a respeito de como montar uma rede de óticas, todas perto dos estádios.
O nome da rede de óticas será uma homenagem a Tom Zé: “Todos os Olhos”.Talvez fique melhor homenagear a natureza: “Ótica Abrolhos”. Abra o olho minha gente! Futuro previsível é este, o da depressão pós Copa e pós Olimpíadas. Vou terminar por aqui, antes que termine o planeta. Aliás, tenho uma reunião com meu chefe nesta semana e um encontro com minha sogra, mas vou ver se podemos adiar estes compromissos para depois do fim do mundo...


Mauzinho 2012

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

"Os Primeiros Serão Os Últimos"

 

Eu vi quando as pessoas que estavam na minha frente disfarçaram e foram fazer outras coisas, ao invés de pegar o único prato a disposição na entrada do restaurante por quilo. Esquivaram-se, um a um, até chegar a minha vez. Eu também não peguei

Se um foi lavar as mãos, a outra foi apanhar os garfos e um terceiro foi o banheiro, por que eu seria o premiado? A mim restou a mesinha de aperitivos, com a batida de côco e caipirinhas. E vários copinhos plásticos. Ali era firmeza eu pegar o copo sem preocupação como: "Será que o copo foi lavado? E se alguém espirrou bem cima dos copinhos?"

Foi lá que me apoiei até que viessem os novos pratos. E espero, devidamente lavados.

O rapaz que foi ao banheiro voltou mas os pratos não. O cara deu meia volta, para secar melhor as mãos. A moça que foi apanhar os talheres, vendo somente aquele prato a disposição, se esqueceu do guardanapo. Voltou para apanhar, o mais lento possível. E o educado que estava na minha frente e foi lavar as mãos, esperto, continuou lavando.

É interessante como muita gente não tem coragem de pegar o primeiro prato da pilha. Se eu fosse dono de um restaurante por quilo, certamente aprontaria das minhas. Colocaria um prato todo azul, com uma indicação: "Este prato pertenceu a Roberto Carlos". Deixaria em destaque, o primeiro da fila.

Comparo pegar o primeiro prato da pilha num "Self-Service" a pegar a última azeitona da porção do boteco. Decisão dificílima...




A garçonete enfim chega com a nova louça. Limpinha e bem cima daquele único prato. Conclusão: ele vai continuar sendo rejeitado. Bulling do primeiro e último prato da pilha. Preconceito. E ninguém pensa que o primeiro prato da pilha nova, depois de inúmeras rejeições, será o penúltimo, antes daquele que restou sozinho na mesa e que era o primeiro. E vai sobrar para alguém pegá-lo, pensando todo orgulhoso:"Ufa! Quase peguei aquele mais sujinho"

Mas quem é consciente, no caso de ter somente dois pratos disponíveis, não pega nem o de cima e nem o de baixo. Fica numa dúvida tremenda, pois não tem como pegar o que está debaixo e nem o de cima.

E não é que nestas condições, tudo muda: "Os primeiros serão os últimos"...

Mauzinho 2012

 

domingo, 18 de novembro de 2012

"Avenida Vinte e seis de Maio"



Vinte e cinco de Março, XV de Novembro, Nove de Julho. Todas avenidas movimentadas, conhecidas, enfim, grandes avenidas, grandes datas. Por falar em grandes datas, outro dia dirigia meu carro em pleno feiradão pela Avenida Vinte e três de Maio, quando percebi sua grandeza, sua beleza, sua importância unindo o Norte e o Sul de São Paulo.

- Putz! Por causa de três dias ela poderia se chamar: Vinte e seis de Maio! Data de meu nascimento!

 


Tanta gente me pergunta aqui na Vila Clementino "Onde fica a Vinte e três de Maio?", "Como se faz para entrar nela?"...

Fui pesquisar e fiquei logo sabendo o porquê do nome:
Recebeu este nome em referência ao dia em que foram mortos os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (conhecidos pelo acrônimo MMDC em 23 de Maio de 1932, com ligação a Revolução Constitucionalista de 1932).

Então é isso! Mas teria sido o Mirgaia algum parente de meu amigo Guilvan Miragaya? Dráusio por acaso seria o Dráusio Varela? Camargo... Zeca Camargo! Não, viajei demais aqui nessa 26 de Maio. Mas por que esses estudantes não se rebelaram em vinte e seis de maio? Teria sido constitucionalmente mais digno e revolucionário esperar mais três dias para morrer e em 1967, após trinta e quatro anos eu nasceria e ficaria sabendo que existe uma rua com a data de meu aniversário! Vou agora mesmo escrever ao novo prefeito, o Fernando Hadadd, para que mude o nome desta avenida. Mas espera aí, pensando bem, essa avenida fica sempre congestionada durante a semana e até aos sábados e Domingos. O que os motoristas xingam essa avenida não é mole, dizem tudo quanto é palavrão! E além do mais, saber que recebeu este nome por causa da morte de quatro estudantes? Sei não... Pensando bem, vou pedir assim ao Hadadd:

 



"Estimado Prefeito de Sampa:

 

Venho por meio desta, deste humilde cidadão, daquela vinte e três de maio e daqueles quatro estudantes do MMDC lhe pedir que crie uma nova travessa, construa alguma ruazinha, travessinha qualquer, de trânsito pacato, fácil de se estacionar o carro, enfim, nem que seja uma travessa de travessurinha, de menos de cinquenta metros com o nome de "Travessa Vinte e seis de Mauzinho" em homenagem a um cidadão cuja data de aniversário foi três dias depois de uma importantíssima data da história de São Paulo..."


Mauzinho 2012

 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Mágico de Ócio

 
 
 
 
 

Copacabana. Onze da manhã de uma segunda-feira. Estava no Rio de Janeiro para um Congresso da Caixa Econômica Federal e como as palestras só começariam ás sete da noite, aproveitei para pegar uma praia, afinal, a verba era gordinha e desta vez dava pra curtir a Cidade Maravilhosa. Caminhava no calçadão, próximo ao Copacabana Palace, quando uma mulher me chamou á atenção:

- "Que ridículo! Aquela mulher está com roupa social em plena praia de Copacabana! Meu Deus!"

Espera... Eu conheço aquela figurinha! Não é possível! Em pleno Rio de Janeiro fui logo encontrar alguém conhecido? É a Dorothéia, Gerente de Serviços do antigo departamento onde eu trabalhava. Só poderia ser ela mesma, vestida desse jeito, debaixo de quase quarenta graus em plena praia de Copacabana! O pessoal do setor tinha até um chavão pra ela. Um não, dois: "Dorothéia, não falta nem com diarréia!". Ou então, "Dorothéia, trabalha até ficar com cefaléia!". O pior de tudo é que eu vou ter que ajudá-la. "Um ato de solidariedade pode se transformar em uma bela promoção de cargo". É isso mesmo Mauzinho, vá lá e boa sorte!

Fui auxiliar a Dorothéia, que estava vestida com uma calça social, camisa branca com a gola da cor do blazer estilo "Pastora da Igreja Universal", sapato alto e uma pasta 007. A workahoolic se esgoelava para caminhar na areia fofa de Copacabana.

- Olá, Dorothéia! Veio para o Congresso da Caixa você também?

- Mauzinho! Que calor terrível faz aqui! Ajude-me, por favor!

- Calma. Muita calma nesta hora. São onze e pouco da manhã e as palestras só começam ás sete da noite. Eu lhe ajudo a encontrar o Hotel em que você se hospedou.

- Mas eu já deixei as malas lá no Hotel.

- E por que você está vestida assim? Roupa social! E essa pasta cheia de documentos?

- Não são documentos, Mauzinho. São manuais normativos da Caixa.

- O que? E esse cachorrinho? É seu assistente?

- Ah, você estava aí, sua danada! Nunca mais fuja de mim!

- É sua esta cadelinha Yorkshire? Você conseguiu trazer uma cadela pra cá, neste calor insuportável?

- Não tinha com quem deixar... Então, Mauzinho, eu queria saber se você conhece o procedimento do manual RH031.013 - MANDATO ELETIVO. Você quer ler e daí...

- Calma, Dorohtéia. Nós estamos em plena praia... Eu queria apresentar o Rio de Janeiro pra você, esta é...

- Olha, aqui está. Página duzentos e cinqüenta: O cliente no caso deve fazer o que?

- Dorothéia, por favor, está um calor de quase quarenta graus!

- Mauzinho, nem vem. O pessoal disse que tem coisa que só você sabe. Dizem que você é mágico!

- Mágico? Você me deu uma boa idéia...

- Isso, Mauzinho. Qual é a idéia? O que devo fazer? O cliente vai até a agência hoje à tarde! Estou desesperada! Faça alguma coisa!

- Dorothy, quer dizer, Dorothéia, o Mágico aqui está de Ócio. Sou um Mágico de Ócio, vagabundagem pura!

- Mas, Mauzinho...

- Não tem mais Mauzinho. Vamos até aquele quiosque, debaixo de uma sombra para fazermos absolutamente nada. Nothing! Niente! Nula!

- Mula?

- Vamos Dorothy... Você já está delirando debaixo deste sol de quase quarenta graus!

Levei Dorothéia para debaixo de uma bela palmeira perto num quiosque da praia.

- Dorothy, quer dizer, Dorothéia, em primeiro lugar, tire estes sapatos.

- Como tirar os sapatos? Você é o Mágico Mauzinho, deve me ajudar a...

- Nananinanão! Não vou ajudar coisa alguma! Sou o Mágico de Ócio! Tu tem memória fraca hein?

- Você está louco Mauzinho?

- Sim, Dorothéia. Muito louco pra encontrar o homem da lata...


- Não é Homem da Lata. No filme Mágico de Oz é Homem de Lata!

- Pouco importa, estando gelada é o que interessa. Hei, ô da lata! Eu quero duas latinhas bem geladas... E me dê uma daquelas maiores pra minha amiga Dorothéia... Essa tá precisando encher a lata!

Mauzinho 2012

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"Fazendo carnaval por muito"

"Fazendo carnaval por muito"


Que dia aquele! Notas baixas no boletim, reclamações na reunião de pais e mestres e pra completar quebrei o vaso de porcelana da sala de estar! Um mal estar geral em casa. Clima de ditadura, de Chico Buarque. Fui recorrer à discoteca de meus pais e lá estava dando sopa um vinil do Chico, "poeteiro" como eu. A música? "Quando o Carnaval Chegar"
Enquanto na cozinha rolava uma briga entre meu pai e minha mãe, eu escutava o disco do Chico...
Meus pais na cozinha:
- Eliana, seu filho não estuda, não faz uma coisa que preste! Não se mexe pra nada!
- Guilherme, por que você diz "seu filho? O Mauzinho não é só meu, ele também veio de você! Mas que parece que ele está em outro mundo, isso parece!
Na vitrola, eu escutava a música...
"Quem me vê sempre parado, distante
Garante que eu não sei sambar
Refrão: Tô me guardando pra quando o carnaval chegar"

E na cozinha...
- Você vai ter dinheiro pra pagar reforço escolar de matemática, ciências e português ao Mauzinho?
- E vale a pena investir num vagabundo como ele?
Que raiva eu sentia! Estudei pra burro no período de provas! Inclusive português, matemática e ciências. No toca-discos a obra de Chico:
"Eu to só vendo, sabendo, sentindo, escutando
E não posso falar
Refrão: Tô me guardando pra quando o carnaval chegar"


Na cozinha, eu era o prato cheio para discussões...
- Guilherme, você sabia que ele andou de libidinagem com a Nádia?
- É... A professora de Ciências me falou... Mas na matemática da questão, se rolou alguma química entre eles deve ter sido apenas uma história, em bom português, não rolou nada físico.
No vinil do Chico...
"Eu vejo as pernas de louça da moça
Que passa e não posso pegar
Refrão: Tô me guardando pra quando o carnaval chegar "

No ambiente da casa onde se preparava as refeições eu alimentava a briga entre marido e mulher...
- E saiba Guilherme que além da Nádia, ele quis beijar a professora de Educação Artística, a Débora?
- A Débora? Aquela de artes? Esse menino é arteiro mesmo!
Na sala de estar, em plena vitrola...
"Há quanto tempo desejo seu beijo
Molhado de maracujá
Refrão: Tô me guardando pra quando o carnaval chegar"

Fervia na cozinha a discussão entre meus pais...
- Você ouviu o que o professor de histórias falou do seu filho?
- Já disse Guilherme. Nosso filho!
- O mestre disse que o Mauzinho é preguiçoso!
O vinil soava a canção de Chico...
"E quem me ofende, humilhando, pisando,
Pensando que eu vou aturar...
Refrão:Tô me guardando pra quando o carnaval chegar"


Meu pai já estava irado com as notícias...
- Ah, mas eu vou dar umas boas chineladas neste menino!
E dá-lhe samba na vitrola...
"E quem me vê apanhando da vida,
Duvida que eu vá revidar...
Refrão: Tô me guardando pra quando o carnaval chegar"


Minha mãe e meu pai, destemperados na cozinha...
- Guilherme, você deve tomar uma decisão.
- Fazer o quê, Eliana?
- Vá lá e fale com ele. Tenha uma conversa dura!
- Sozinho?
Pai e mãe invadem a sala. Chico Buarque canta seus últimos versos antes do sermão...
"Eu tenho tanta alegria, adiada,
Abafada, quem dera gritar...
Refrão: Tô me guardando pra quando o carnaval chegar"


Filho. Suas notas estão baixas e na reunião de pais e mestres foram só notícias ruins e reclamações! Você não tem nada a dizer para nós? Que rumo vai tomar na vida?
-"Tô me guardando pra quando o carnaval chegar!"

Mauzinho 2012
 







 


 

 

 

 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Piquenique Muito Louco!

Aquáticos, muito do que eu coloquei nesta crônica aconteceu mesmo. O casal que aparece no final do texto foi uma das veracidades. É praticamente um Conto de Fod... Ops! Quer dizer, um Conto de Fadas! Divirtam-se com mais essa pérola!




“Piquenique Muito Louco!”

 
 
 
 
Frango assado, farofa, batatas fritas. A salada era de tomate e rabanete. Bebidas: pinga e cerveja. Pouco depois do meio-dia, eu e minha turma estávamos sentados no Quiosque Jequitibá, dentro do Parque Alfredo Volpi, no Morumbi. Cada qual contando vantagens sobre o prato que trouxeram.
Em cima de uma mesa comprida de madeira colocamos a toalha e os talheres e pratos de plástico.
Violões, cantorias e os aperitivos devidamente servidos, nós começamos oficialmente o piquenique em meia hora.
A descontração de José Pinto Souto, as indiretas cortantes de Maria Ferrão, a felicidade de Felismina, a dureza de Norma Rocha, os mistérios de Inácio das Trevas, enfim, grandes amigos reunidos pelo facebook. Nem vou colocar suas fotos nesta crônica por causa do contraste com as belas imagens do parque.
 
 
 
Eu nem tinha começado a almoçar de verdade e devido ao consumo elevado de cerveja, fui até o banheiro. A distância do quiosque ao banheiro era grande o que fez a vontade de “tirar a água do joelho” aumentar até o estágio “urgência”!
Todas aquelas árvores no meio da trilha me lembraram que na geração anterior eu fui um vira-lata. Caminhei um pouco mais para dentro da mata atlântica preservada do parque e escolhi uma árvore para“batizar”...
 
 
- O quê? Não é possível! A árvore esta cruzando as pernas para mim?
Esfreguei os olhos e dei uma nova espiada para cima enquanto batizava o caule... A espiada virou piada...
- Quem diria que minha urina tivesse tantos poderes assim? A árvore cruzando as pernas para mim!
Escutei uma voz:
- “Ei, Mauzinho... Que xixi quentinho!...”
- O quê?
- “Estava precisando de uma boa regada...”
Já soube de gente que viu urso, leão, cobra, dinossauro quando estava fazendo piquenique, mas uma árvore cruzando as pernas enquanto você urinava?
- “Ei, Mauzinho... Não vá embora...”
- Mas eu preciso voltar ao piquenique.
- “Deixa pra lá o piquenique, venha aqui me dar um abraço, bater o pique, brincar de esconde-esconde...”
- Tá bom, eu vou abraçá-la, mas só um pouquinho.
- (...)
- Até que é bem gostoso abraçar você hein?
- “Gostou? Que tal dar uma trepada?”
- Sabe o que é Dona... Dona... Como é mesmo seu nome?
- “Jequitibá –Rosa... Vamos? Só uma trepadinha?”
- Sabe Rosinha, eu tomei muita cerveja e acho que subir agora não será possível. Posso até subir um pouquinho, mas a queda vai ser inevitável. Além do mais, os galhos mais pertos só estão lá na sua copa? Olha Rosinha, acho que o Sêo Jequitibá está traindo você. Como tem galho lá no alto?
- “Rá, rá, rá... Mauzinho você é muito engraçado...”
- Gostei também de você, Rosinha, apesar de ser um pouco fresca...
- “Você tem que ir embora né? Faz assim, pegue esta trilha menor para cortar caminho. Apareça quando quiser aqui no Parque Alfredo Volpi, estarei dando bandeira, bandeirinhas, sempre aqui, no mesmo lugar, não vou sair daqui até você voltar...”
- Prazer Rosinha! Se não fosse a cerveja e o trauma que tive no passado com o “Pau de Sebo” nas festas juninas eu teria trepado!
Peguei aquela trilha que a árvore falou. Meia hora e nada do Quiosque dos Jequitibás...
- Lógico! Rosinha fez de propósito! Só porque não quis trepar, ela me indicou um caminho errado. E agora?
Foi quando de dentro da mata, assim, sem mais nem menos, aparece um casal de outra época, personagens de muitos e muitos anos atrás...
- Rapunzel e Don Juan? Não, o cabelo dela não era tão comprido assim. Apesar de que tinha rabanete na salada do piquenique. Romeu e Julieta? Sim, o pessoal do piquenique já deve estar na sobremesa, no queijo branco com goiabada cascão e tá faltando pouco para eu ver o Cebolinha, a Mônica e o próprio Mauricio de Souza perambulando por aqui... Deve ser miragem devido à fome e o efeito da mistura de fermentado com destilado. Por outro lado:
- Ei Mauzinho!
 
“Eles estão falando comigo? Então não é efeito da cerveja!”
- Pois não? Em que época eu estou? Napoleão já descobriu a América? Cadê o cavalo branco?
O cara vestido de príncipe então falou:
- Mauzinho, nós apenas estamos perdidos? É que pegamos uma trilha errada ao voltar do banheiro e precisamos encontrar o nosso pessoal na área de piquenique...
- Ahaaaááá! Vocês também foram “regar”os Jequitibás? E aí? Comeu a Rosinha?
Mauzinho 2012

sábado, 20 de outubro de 2012

MELANCÓLICOS ANÔNIMOS

É a transformação "Água Crônica" para o "Álcool Etílico". Mais uma do aquário Aguardente. Divirtam-se!


"Melancólicos Anônimos"




 

Sim, tem dias que de noite a gente começa a ver tudo nublado, dobrado, pende de um lado, do outro e o brado cada vez mais bravo retumbante:

- Bravo! Biz! Biz!

Gente, este Karaokê tá quebrado! Deu nota nove e meio pra essa música do Zé Ramalho? Essa música que eu despedaçei? Foi ramalho pra tudo quanto é canto!

- Mas Mauzinho... Essa que você cantou não era do Zé Ramalho.

- Não?

- Tse, tse, tse... Era do Zeca Baleiro.

- Avohai! Eu tenho certeza! Juro pelo meu avô e também meu pai!

- Foi Baleiro Mauzinho!

- Putz! Mas alguém percebeu?

- "Quase Nada".

- Viu? Mandei bem. Tá fazendo diferença aquelas aulas de canto do Prof. Jorge.

- Mauzinho, "Quase Nada" era o nome da música do Baleiro que você cantou.

- O pessoal aplaudiu, não aplaudiu? Então? É isso que interessa!

- Tá todo mundo bêbado mesmo... Entenderam bem o seu francês...

- Pera aí! Francês?

- Oui metiê... Úi, essa pinguinha desceu pra valer!

- Não é metiê, é messiês! No plural: Messia, messiês... Mas como é que o pessoal entendeu essa música do Baleiro em francês, se eu só sei falar Bonjour Madeimoselle e o tradicional cumprimento quando se vê outra pessoa, o "Saravá?"?.

- Melhor a gente "sair a francesa", aproveitando o nosso momento de fraternidade, igualidade e duplicidade. Tem muita gente aqui, mas escuto poucas vozes...

O corredor do Bar Karaokê de seis metros de largura era uma travessia com dificuldade nível cinco, pior que montanhismo, tanto para mim como para Temístocles. Mas se "tomar um mé não vai a montanha, a montanha vai tomar um mé..." Um aparava o outro. Prevenidos, estavamos a pé. Um passo meu e três dele, enfim, o que conseguíamos aproveitar em nossos passos bêbados.

Resolvemos apanhar um táxi. Aliás, quase que um táxi nos apanhou ao atravessar a rua.

- Ei! Vão para onde? - Perguntou o taxista.

- ...בואו לאבנידה פאוליס
 

 


- Hebráico não entendo. What about english? All right?


- My name is "litlle bad" and this is my friend... my friend... Aristóteles!


- Temístocles Bonzinho!


- Bonzinho não! Mauzinho Sócrates!


O taxista ficou desolado.


- Melancólicos anônimos! Era só o que me faltava neste fim de noite!

                                                  Mauzinho 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Tu qué?

Essa é do aquário "Águas Passadas". É de 1996! A moeda corrente era o cruzado. O Riviera Bar funcionava a todo o vapor. Curtam mais uma crônica dos meus primordios em literatura!



"Tu qué?"

 
 

Trindade é uma praia que fica na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro, próximo a cidade de Paraty. Como toda a região linda e selvagem, o acesso até este paraíso é complicado, estradinhas de terra que numa chuva torrencial viram rios de lama. Mas é uma praia tão linda que arrisco a dar um palpite: Ulisses Guimarães não morreu naquele acidente de helicóptero perto de Angra dos Reis. Ele deve ter pulado momentos antes da aeronave cair, livrando-se da sua mulher e da sujeira da política para desfrutar toda a beleza de Trindade. E digo mais, Raul Seixas também não morreu. Só no último feriado eu vi uns dez Raulzitos andando por aquelas areias fofas que provocam miragens nos malucos beleza, embora seja depois de uma consumação não tão moderada do "cachimbo da paz".

Visconde de Mauá, São Tomé das Letras, Boipeba, enfim, lugares como estes são sempre tão difíceis de chegar quanto o beiço do Nelson Ned tentando encontrar os lábios carnudos a altos de Carolina Ferraz. Mas quando alcança, que prazer...



Foi para falar de Trindade que a minha amiga Marta combinou uma cervejinha no Riviera Bar, este paraíso bem mais fácil de chegar, um paraíso perto do metrô Consolação. Marta é frequentadora assídua de Trindade e passou quinze dias naquelas praias curtindo as férias. Estava cheia de boas novas.

Pedimos uma cerveja e depois de conversas preliminares como "Nossa você voltou bronzeada hein?" "E esse seu branco escritório?" "Você viu a última do Cacique Juruna no Congresso Nacional?" "Essa mancha na sua mão foi um o limão da caipirinha?"

- Mauzinho, você não sabe a figura que está morando em Trindade. Um italiano que resolveu fazer a vida aqui no Brasil e trabalha como pizzaiolo num barzinho da Praia do Meio.

- Tem pizza agora na Praia do Meio? Daqui a pouco vão fazer um Burguer King lá hein? Mas como você conheceu o Itália?

- Tu qué?

- Não, meu copo está cheio.

- Tu qué?

- Tá cheio meu copo, olha aí.

- Tu qué?

- Mas eu já disse que meu copo está cheio? O que você anda fumando Martinha?

- Mas foi assim que eu conheci o ragazzo. O gringo aprendeu a perguntar Tu que? com sotaque carioca. E tudo o que eu via ele perguntava: Tu qué? Tu qué? Tu qué? Era só eu olhar um peixe ainda no anzol e ele Tu qué? Um sorvete e ele Tu qué? Olhava um cachorro e ele Tu qué? Lembra-se daquele vira-latinha meio marronzinho, meio branco?



- Sei , eu me lembro, claro. Eu até coloquei nele o apelido de Bicalho?

- Isso, o Bicalho. E o Italiano: Tu qué? Até a Lua ele me oferecia Tu qué? Tu qué?

- E o que você respondia quando ele te perguntava Tu qué?

- Eu agradecia e quando era do meu alcance eu aceitava.

- Vocês querem mais uma cerveja? – Perguntou o garçon.

- Tu qué? Perguntou Marta...

- Manda mais uma. Marta o que você acha de mais uma porção de queijo provolone?

- Tu qué?

- Garçom,manda também uma porção de provolone no capricho.

Voltei ao assunto Trindade.

- Acho que no próximo feriado eu vou para Trindade.

- Tu qué?

- A cerveja ou ir para Trindade?

- Tu qué?

- Tu qué o quê?

- Tu qué?

- Marta, eu não acredito. Você pegou a mania do Tu qué?

- Tu qué?

- Eu não. Mas você sim quer me endoidecer!

- Tu qué?

- E agora? Ela ficou louca? Garçon, traga a conta.

- Mas vocês pediram aquela porção de provolone.

- Esqueça. Minha amiga atravessou as ideias. Você tem algum telefone que eu possa usar?

- Claro, tem um lá no balcão.

Fui até o interior do bar, ligar para um médico que é bom nesses piri-paques, o Dr. Além. Mas não tinha ninguém além da linha ocupada. Na volta o garçom estava com a conta na mão;

- Tu qué?

- Querer eu não quero, mas...

Paguei os cruzados ao garçon e me mandei com a Marta. Coitada, essa "Marta Morta" tinha que aprontar comigo? Acho que vou pegar um táxi. Fiz sinal ao primeiro táxi que passava na Av. Consolação:



- Chefia, quanto é até a Aclimação?

- Tu qué? – Perguntou o taxista.

- Então, eu quero saber até a Aclimação? É quanto?

- Tu qué? Tu qué?

Desisti do táxi.

- Marta você está bem? Responda alguma coisa?

- Tu qué?

- Não pedi para perguntar, só para responder!

- Tu qué? Tu qué?

Liguei do orelhão para o SUS. Uma moça atendeu:

- Tu qué?...

- Tu qué coisa nenhuma! Eu não quero, eu preciso de uma ambulância urgente!

- Tu qué?...



Tentei o Corpo de Bombeiros;

- É dos Bombeiros?

- Tu qué? Tu qué?...

Minha última esperança, uma cabine policial, entre a Paulista e a Consolação. Vazia... Apenas um bilhete sob a mesa escrito a mão:

Tu qué?

Mauzinho 1996


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Dia das Crianças

Queridos aquáticos, neste 12 de Outubro, aqui vai uma crônica que tem a ver com a teimosia que existe em todas as crianças. Divirtam-se!


"Daquilo que eu sei... E também não sei..."


Eu me lembro das investidas que fazia na vitrola lá de casa. Uma delas marcou o que os pais chamam de "boas maneiras". Ivan Lins foi um verdadeiro apoio que tive contra as ordens dos meus pais, como por exemplo, escovar os dentes antes de dormir, tomar banho, arrumar a cama. Eu explico. Numa tarde, realizei uma expedição pela discoteca de meus pais e achei um "bolacha" do Ivan Lins, com a música "Daquilo que eu sei". A música começava assim:

"Daquilo que eu sei

Nem tudo me deu clareza

Nem tudo foi permitido

Nem tudo me deu certeza..."


Tudo bem por enquanto. Apesar de criança não saber muito, daquilo que eu sabia de português dava pra entender a letra. Mas daí veio aquele bendito trecho:

"Só não lavei as mãos e é por isso que eu me sinto,

Cada vez mais limpo, cada vez mais limpo, cada vez mais limpo..."


Agora embananou tudo. O Ivan Lins falou que não lavou as mãos e se sente cada vez mais limpo? Sei não...Acho que vai dar confusão. Mais tarde, antes do jantar:

- Mauzinho, vai lavar as mãos porque vamos jantar.

- Não, não vou.

- Como não vai? Sua mãe está mandando!

- Já disse que não vou...

- É assim é? Não vai?

- Não! Não vou lavar as mãos e me sinto cada vez mais limpo...

- Que história é essa? Tá pensando que é o Ivan Lins?

- Mas como você adivinhou mamãe? Foi ele mesmo quem falou: "Só não lavei as mãos e é por isso que eu me sinto, Cada vez mais limpo, cada vez mais limpo, cada vez mais limpo..."

 

- Pois bem. Então escute essa. Preste muita atenção porque vou cantar uma só vez:

"No Novo Tempo, apesar dos castigos, estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos, pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer...". Conhece essa letra? Também é do Ivan Lins.



- O pai já saiu do banheiro?



Mauzinho / 2012

sábado, 6 de outubro de 2012

Cuidado com o vão entre você e seus pais

Estamos no Água Crônica. Como em todo o lago, lagoa, rio e mar, as águas deste blog costumam a refletir. O que tenho agora é uma crônica para vocês refletirem. Boa leitura aquáticos terrestres!

 

"Cuidado com o vão entre você e seus pais"

 
 


 
Consolação era a próxima estação do metrô e o destino de mais um dia de trabalho. Minha filha tinha ficado na estação Tiradentes. Nem quis a minha presença até as catracas:



- Pai, pode ficar por aqui... Aqui está bom... Assim você volta uma estação e pega a linha amarela até a Paulista.

Eu compreendo, ela está na idade de ficar mais livre, mais solta, mais independente, assim como Tiradentes lutava por mais independência e liberdade. Consolei-me na Consolação, apesar de falar comigo mesmo: "Se ela queria mais independência por que não desceu no metro liberdade?". Mas antes da parada do trem na estação luz, li na parte de cima da porta de saída uma mensagem que iluminou minha cabeça. A frase alertava num tipo de letra especialmente utilizado para chamar a atenção dos passageiros: "Cuidado com o vão entre a plataforma e o trem!".

Automaticamente a porta se abriu, assim como matematicamente os pensamentos sobre meu pai foram se somando e não mentiam: "Existia um vão enorme entre nós". Ao pisar na plataforma, sentia um nó na garganta porque a segurança daquele concreto fez o meu abstrato lembrar de meu pai em seu leito de morte e assim como o trem que partia, meus pensamentos foram seguindo de estação em estação até a minha infância. Uma bela infância, meu pai exercendo a responsabilidade de chefe de família, pagando contas, me levando para a escola, para os passeios e hoje descubro que as raras vezes que tínhamos uma conversa mais séria, sempre vinha após uma reunião particular com a minha mãe. Mas aquela conversa de homem para homem poucas vezes aconteceu, se é que aconteceu. Sexo, profissão, velhice, enfim, está difícil recordar de uma conversa mais profunda com meu pai a respeito destes temas cheios de tabu. Um silêncio. E agora, minha filha com seus quatorze anos, está numa fase de distância de seus pais, ainda que no começo. A voz do funcionário do metro ecoava pela estação: "Ao descer do vagão, cuidado com o vão entre a plataforma e o trem".

Existia um abismo, uma depressão profunda no oceano que banhava meu pai e eu. Na minha mente essa onda de pensamentos veio como um tsunami, varrendo outras preocupações de como seria meu dia, o que vou comer no almoço e inclusive o que vou levar de bebida para a "hora-feliz" do fim de expediente?: Estricnina? Cicuta? Licor Fernet? A pinga do Nicanor?

Eu vi meu pai falecer no hospital e procurava descobrir o que havia naquele silêncio final, dos seus últimos dias. O que ele pensava sabendo que seu destino estava próximo? Se tivesse feito isto, se tivesse feito aquilo. Devia ter me casado com aquela, não devia ter me casado, bem que eu devia ter me separado e ficado com aquela outra. Um filho só já era o suficiente para uma boa qualidade de vida, mas aí veio o Mauzinho... Devia ter logo uma meia dúzia de filhos... Se eu seguisse a profissão de advogado talvez estaria numa melhor...

 

O que será de minha neta? Será que meu filho vai ter uma conversa franca com ela, diferente do que eu acabei não fazendo sem saber?... Por que meu filho insiste nessa mania de ser escritor ao invés de se dedicar á sua carreira no banco?...

O silêncio entre nós foi crescendo igual a um carro que parte da cidade rumo ao interior. O vão que quase não existia entre nós, estreito como aquele entre o trem e a plataforma do metro foi ficando cada vez maior. A partida deste carro foi na minha adolescência que coincidia com a meia idade do meu pai. Meia cerveja. Sim, me lembro de der tomado cerveja pela primeira vez num almoço de domingo, oferecida pelo meu pai, era uma garrafa pequena e gordinha, o gosto por sinal era bem amargo e hoje o gosto da cerveja perdeu o gosto, assim como as conversas que eu tinha com ele, cada vez mais difíceis de acontecer e sempre mais rápidas, menos intensas. Agora tenho certeza de que a quietude dele, sempre pensativo, eram reflexões sobre os estilos de caráter que deveria ter tomado e que poderiam ser debatidas entre nós. Imagino que bom seria se aquele vão entre a gente fosse preenchido com um chão protegido que nem precisasse da linha amarela de segurança, de vê-lo mais alegre e com mais sonhos realizados, uma vez que nos últimos anos ele vivia em função da minha filha e acredito que existia um leque bem maior de aspirações a serem realizadas.
Caminhei os três quarteirões da Av. Paulista que separavam o metro do meu trabalho, sempre com estes pensamentos e antes de entrar no prédio onde garanto o meu ganha-pão, não tinha vão nenhum, apenas uma escada de três degraus. Mas, um novo vão poderia estar começando entre mim e minha filha. Novamente a minha mente se lembrava da voz daquele funcionário do metrô : "Cuidado com o vão entre a plataforma e o trem".
 
E ao descer neste mundo, há quarenta e cinco anos atrás, no século passado, bem que algum anjo ou o Universo poderiam me alertar: "Cuidado com o vão entre você e seus pais"...

                                                                                                       Mauzinho 2012




domingo, 30 de setembro de 2012

O prazer de uma transação no débito

Nosso blog está com novidade tripla! No aquário Água de Licheiro temos a crônica desta semana e nos aquários Águas de Março e Águas de um Maratonista também tem novidade! E vem mais por aí nos outros aquários! Beba direto da fonte! Boa leitura!




"O prazer de uma transação no débito"

 

O supermercado estava vazio. Minha compra eram três pães, dois litros de leite, um tablete de manteiga com sal, um pacote de café forte, forte não, extraforte e um mamão. O trivial para o café da manhã naquele começo de fim de semana. Fui passando a compra no caixa do super, sem antes responder ao questionário tradicional feito pela simpática moça:

- O senhor é cliente MAIS?

- MAIS? De certa forma sim, sou cliente mais ou menos... É sempre aquela comprinha barata, tudo que está em promoção eu pego, ou seja, produto mais ou menos, preço mais ou menos, pra que tudo fique mais ou menos em torno de vinte reais.

- CPF na nota?

- Sim.

Digitei os onze números do meu CPF (Não vou colocá-los aqui nesta crônica por motivos de segurança da informação... E também do leão da Receita Federal...)

Fui passando os produtos enquanto a linda jovem registrava os valores. Reparei em seus traços, que lembravam o semblante da atriz Juliana Paes. Foi o suficiente para começar a viajar na maionese, embora este produto não estivesse na minha lista de compra... Quando a moça finalizou, saquei do bolso o meu Cartão Alimentação:



- Pode colocar...

- (...)

- Coloque de novo...

- (...)

- Tira e coloca, até o final...

- Foi agora?

- Não... Você enfiou até o final?

- Se, se eu... Sim... Não... Vou tentar com mais força!

- Antes de colocar, esfrega um pouco...

- Esfregar? Ah... Sim claro... Esfregar!Pronto!

- Não, não, não! Apressado! Deixa que eu coloco?

- Colocar? Você?

- É, colocar, ás vezes com jeitinho vai...

- Claro, com jeitinho vai... Foi?

- Não! Tira e coloca de novo...

- (...)

- Espera!

- Que foi? Introduzi forte demais?

- Olha só... Veja, o seu é daqueles antigos, só passa de lado...

- Ah... Nem tinha reparado... Então vamos tentar de ladinho, quer dizer, de lado...

- Agora vai...

- Foi?

- Ainda não... Vou precisar colocar este plástico nele, envolvendo com plástico vai...

- Isso! Boa ideia? Uma camisi... Mas o plástico não pode atrapalhar?

- De jeito algum... Facilita quando ele está sujo...

- Que sujo o quê? Lavo ele todos os dias!

- Como?

- (...)

- Ah, agora foi. Pensei que tivesse caído...

- Como assim caído? Não caiu não!

- O sistema costuma a cair... Pode colocar...

- Mas já não está lá dentro?

- A senha. Coloque com calma. Você só tem três chances...



- Na minha idade acho que uma chance já basta.

- O quê?

- É que estou duro, quer dizer, duro de grana... Quando é assim, ou finalizo agora ou... Pronto! Já digitei.

- Pode tirar...

- Foi bom pra você?

- Como?...

                                                                                                    Mauzinho 2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

AllFacebook






Já viram o preço do alface na feira? Tá o olho da cara não é? Da cara não, da face! AllFacebook é mais uma salada que preparei do aquário "Água de Licheiro", com aqueles temperos e pitadas de humor que vocês já estão se acostumando. Boa leitura e diversão a todos.


"AllFacebook"




O que vocês leram foi AllFacebook, não foi erro de digitação. Uma salada virtual! Entrei esta semana nesse tal de Facebook (ou seria All Faces Book?). Plantei algumas "sementes de gente" e da plantação nasceu uma nação! "ALLFACES" Vai ver é porque meu blog chama-se "Água Crônica" e não faltou irrigação para que dois ou três "pés de rosto" se transformassem numa salada gigante de allfaces. Percebi a diversidade de espécies que surgiram depois de irrigar algumas vezes: lisas, crespas, americanas , de Americana, de Campinas e do mundo todo começaram a brotar no meu notebook. E não foi somente alface que apareceu. Vieram junto pimentões vermelhos de praia sem bronzeador, abobrinhas de todas as qualidades, inclusive minha "autoabobrinhografia"!

Foi então que imaginei o Facebook de um criminoso: ScarFacebook! E não teria rostos como o do ator Al Pacino que fez o papel de Tony Montana, um perigoso criminoso cubano no filme "Scarface". O que se vê é tudo quanto rosto mal encarado e cheio de cicatrizes na face.



 O mapa de um scarfacebook? É o plano de saída da prisão, com direito a estratégia para os mais pesados de como pular o muro e de qual o melhor modo de passar em lugares estreitos.








O Facebook de mulheres estilo "Mulher Melancia". Num Facebook normal aparecem os olhos da cara e no de mulheres estilo melancia aparecem... Bom é melhor voltar ao ao assunto alface. Pesquisei arduamente sobre esta hortense anual ou bienal e descobri várias semelhanças com nós humanos.





Vejam as enriquecedoras descobertas somente na questão dos nomes científicos das espécies:

- Lactuca Sativa Var.Capitata : São as "Alfaces -repolhudas", alfaces iceberg, bola-de-manteiga, maravilha-das-quatro-estações, dos-mercados, e sem-rival.

Comentário Mauzinho (não é comentário maldoso, é do Mauzinho):

"Notem os pontos em comum com nós humanos e aquáticos do "Água Crônica": Repolhudas! Sem-rival!Maravilha-das-quatro-estações! Vai dizer que no Facebook de vocês nunca apareceu amigos ou amigas com estas características?"

Ficheiro:Romaine.jpg- Lactuca Sativa Var. Longifolia: as alfaces-romanas: romana, orelha-de-mula, loura-das-hortas e balão.

Comentário Mauzinho:

"Precisa de comentários? A semelhança com a humanidade é total! Quem não tem alguém no Face com orelhão? Seja de mula ou jegue? E Loura-das-Hortas? Eu me lembro da famosa e sombria "Loura-do-Banheiro"... Será que foi daí que tiraram a idéia de lavar verduras com água sanitária?

Alface balão. Deve ser uma qualidade tão leve de alface que ela flutua quando está no seu estômago. É o amigo cool do AllFacebook."
Lactuca sativavar. crispa
– as alfaces-crespas ou alfaces-frisadas: escura-do-olival, folha-de-carvalho, lolla-rossa.

Comentário Mauzinho:

"Taí uma coisa que eu não conhecia no mundo das alfaces: O preconceito racial, de cores. Por que justamente a alface crespa também é conhecida por "Escura - do - Olival? Justo a crespa!"

Depois desta pesquisa científica sobre o alface, mais uma folha virada deste blog, quero agradecer as mais de mil visitas ao Água Crônica em três semanas. Valeu amigas e amigos de todos os lugares e países e do meu "AllFacebook", uma turma que posso chamar de rica em fibras e também muito hidropônica, afinal de contas, estamos criando raízes!

Mauzinho 2012

 

 

domingo, 16 de setembro de 2012

Interrompemos o "Água Crônica" para o horário eleitoral de grátis!

Olá, queridos "Aquáticus Cronikus", nome científico de meus seguidores e visitantes deste blog Água Crônica que nem a elite da ciência mundial consegue explicar a origem dos textos, a nascente destas águas literárias. O texto desta semana na seca São Paulo (espero que fique molhada nestes próximos dias, senão, nem o bicho vai conseguir pegar de tanta secura e poluição) é do aquário aí em cima de nome "Água de Licheiro". Falar em lixeiro, tem a ver sim com aquela campanha famosa do Jânio Quadros, "Varre, varre, varre vassourinha...". Taí uma boa opção na hora do horário político: Dar uma navegada no "Água Crônica", afinal de contas, "Candidatura por candidatura dê um voto nesta literatura..." Boa leitura, amantes da cultura!


"Era um Domingão... E tinha muito sol...".



Maritacas cantando. Cantando não, fazendo algazarra mesmo, e das boas. Junte isto ao canto dos sabiás e dos bem-te-vis mais as crianças do vizinho andando de bicicleta. Isso tudo bem antes do meu despertador tocar naquele Domingo ensolarado. Que bom levantar sem aquele barulho chato, irritante e assustador como o horário eleitoral! Depois de um banho caprichado, tomo um café nem tão caprichado assim, afinal, para onde eu estava indo naquela linda manhã de Domingo também estariam me servindo um café da manhã. A roupa de Domingo, a chave de casa, a garrafa pet de água mineral, minha carteira, enfim, tudo preparado para sair ás sete e trinta da madrugada do "Dia de Descanso", inclusive o mais importante desta jornada, aquele papel fundamental que coloquei no bolso.

Fui caminhando, observando atletas com suas bicicletas, o engravatado com seu livro sagrado, ciclistas e maratonistas fazendo uso de suas pistas, o totó e a empregada que levava o cãozinho para uma bela cagada, a família num carro bem chique para fazer um piquenique e eu, lembrando na mente que tenho em minha calça, aquele bendito papel no meu bolso da frente. A cada quarteirão colocava a mão no bolso. Não! Não podia perdê-lo de jeito algum. Dez minutos de caminhada e paro diante da escola onde concluí o ensino fundamental, a "Escola Estadual de Primeiro Grau". O nome dela? "Professor Pedro Voss"(Rogai por nós professores). Lembrei-me do apelido que dei á escola.

- Queimadura de primeiro grau "Inferninho Peido Voz!"

A estrutura permanecia quase inalterada nestes trinta anos que se passaram desde que concluí o ensino fundamental(e elementar meu caro Uálter). Engraçado como sempre passo aqui em frente pelo menos uma vez por semana e não reparo em certas mudanças, como a nova quadra, agora coberta, porém, menos arborizada. O portão estava escancarado e fui logo entrando, sem antes colocar a mão no bolso para conferir se continha o papel de suma importância e me apresentei ao porteiro;

- Bom dia!

- É sua primeira vez com mesário?

- Primeira e última.!Mas vou fazer uso do meu título de eleitor, minha arma obsoleta que nunca acerta ao alvo certo.

- Sua seção é a 312. Bom trabalho como mesário.

Subi pelas escadas para observar melhor a escola que estudei quando moço o ensino fundamental, sem me esquecer de conferir o papel no bolso, que era o essencial. Pisei na zona eleitoral.

A presidenta daquela zona eleitoral me recebe com uma pergunta primordial:

- Trouxe o vale café?

Saquei o papel do bolso e o entreguei para a presidenta da zona eleitoral:

- E você acha que eu esqueceria o mais importante:
"Vou deixar de tomar um café na zona!"

Mauzinho 2012